7.7.10

Comadre invisíveis


Ave Boazinha Roupa Colorida das Almas. Mundo virou e ela parada. Carrego até hoje essa mesma pedra invisíveis. A casa dela de grades brancas e meninos enterrando terra em garrafas de vidro verde, desses que não existem mais. Eu nove anos. Ela comadre rezadeira dos altos. Acreditava em Nossa Senhora e todos os santos direitinho.

Trouxemos o café preto e foi aceso. Estalou mão nos meus quatro cantos e beijou uma planta na boca. Abriu porta dos mortos com segurança do movimento. Recantou a luz e me despejou flores muito lindas. É pela ceguidão do inimigo. Vingança paralisada e certezas grossas. Caminho aberto no céu e chão. Vai silêncios e cuidado com os objetos e olhos. Se precisar deixar, volta.

10 comentários:

Anônimo disse...

É que partir é coisa pra raros. È pra quem tem raça, pra quem tem peito, é pra quem sabe PERMANECER.

Agradeço pela visita ao intimidade. E, não se preocupe, eu voltarei....rs

beijos

Tâmara
@intimidade

Anônimo disse...

Não existem mais esses (vidros verdes e meninos enterrando terra em garrafas de vidro verde). Nem meninos que de vez em quando lembram dos luto da infância, das cidades, das mulheres fortes (comadres invisíveis, mães pretas) e de tudo de encantador que passou, que ficou ou que o mundo virou...

os discos que morreram, as cinco cadeiras vazias de Chachoeiro, o pedaço do braço...

parte de todos nós fica parada quando o mundo vira, não é? E talvez, ainda bem que é assim. Se a gente não morresse não tinha nada de novo pra nascer (na gente). nem espaço.

mas não entendi. Eu já fui ou devo ir no blog do Dany Boy? Qual é o endereço?

Anônimo disse...

ah, me esqueci de uma coisa!

tomara que ainda existam sim aqueles meninos que eu falava... muito por aí!

e só pode! tem que exitir!

abraço

Léo Fardim disse...

Já fui menino sonhador e "enterrado de garrafas". Hoje não o faço mais. Menino? Sim, sempre fui, vivia com a "espinhela Caída" e a Dona Dalva, senhora de mãos enrugadas e macias sempre a punha no lugar. Era um tal de bater com galhos nos ombros, levantar os braços e apertar as costelas, nunca entendi muito bem o sentido, o que sei é que sempre curavam meu mal!
Desde que dona Dalva se foi, nunca mais sofri deste mal, deve ter levado com ela pra onde quer que seja, ou trocado de mal comigo, pois desde então eu virei gente grande, com coração de criança de samba, alegria, vontade de voar...

Muito obrigado pelas palavras. Sim, podemos transforma-la em musica, ou quem sabe você possa fazer isso, se quiser é claro.
Tenho varias musicas guardadas, todas sambas, não tenho partituras pois toco percussão, mas tenho em mente a melodia de cada uma, tambem tenho musicas escritas sem melodia...
Como diria o mestre: "poesia na gaveta não adianta nada..." Pega ai, mete uns acordes e joga no vento.
Grande abraço. Voltarei...

Unknown disse...

que coisa boa descobrir isso! lindos textos...
grande abraço!

Thalita Covre disse...

O que me chama atenção são os olhos assustados do gato.

Seus textos são bem fragmentados, diz bem dos fluxos de pensamentos, ora desconexos, ora completamente entendíveis.

Não ouso dizer, ou querer dizer, do que se quis, mas os olhos do gato e as garrafas verdes, eles combinam.


(obrigada pela visita, camará)

Márcio Jorge disse...

Belas imagens se revelam em cada palavra despejada do seu universo poético.Grande descoberta!Agradeço muito pela visita ao eco.

Aqui, também volto!

Abraço.

Roberta Malta disse...

Ei Flávio querido,
Bom reler seus textos...Parece que o invisível se torna cada vez mais nítido pra você. Herança da comadre: os quatro cantos protegidos e toda essa sensibilidade...
Parabéns pelos textos
Bjossss

Ludmila Clio disse...

Adoro esse seu jeito tão peculiar de escrever. Parece que vc vai espalhando idéias, soltando sonhos, lançando sentimentos... e no final, sabe amarrar tudo, lindamente! Vc é ótimo!!!

:)

Behba ♥ disse...

tem cheiro de passado