21.8.09
Bolha
Na minha casa os objetos mudam de lugar. Álbum de fotografia do quarto colocado na sala fica na cozinha. Cadeira da varanda atrapalha corredor. Três portas não fecham. Certo dia o cinzeiro atraiu moedas. Todos os isqueiros ficam perdidos dentro dos bolsos. Há mais janelas que cortinas. Café, pão. Esqueceram o som ligado e os pratos. O casal de elefantes comprado em Ipanema mora embaixo do quadro do mostro. É um rosto bordado que acaba em vários outros. Dedos imitam cata-ventos. De longe parece um naufrágio, de perto é uma mulher aplaudindo cigarros vermelhos caídos do céu.
3.8.09
Expressionistas
É preciso criar desvio, uma linguagem capaz de se lançar para fora da língua. Vida foi reduzida em método de comunicação, e só. Baleia não é água! Homem é mais gesto que discurso. Fala é motor, não matéria da existência.
Há quem diga que letras e números nos separam do mundo. Concordo. Passei anos brincando de separar palavras de coisas. O problema é que até o raciocínio está preso dentro das palavras... Matemática viciada de expressão, não foi inventada para o que somos, mas para o que aspiramos dizer.
Eu queria mesmo era saber como o mar se chamaria se pudesse falar.
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