1.7.10

Para tormenta, cata-ventos.


Fogo é coisa de função. Não há tormenta mais. Única capaz de realizar inexistência. Por isso precisamos acender mais fósforos. Deixe o leite ferver e derramar e machucar. Queimar os dedos por experiência. Provocar demências que comprovem o secar de tudo. Em Cachoeiro de Itapemirim é madrugada e cinco cadeiras vazias. Mundo não volta. Por aqui também não continua. Entornaram a Lua, quebraram as canetas. Lembranças presas dentro de coisas. Braços e pernas parados. Os discos morreram. Copos de água e comprimidos.

Mas lagrimas alimentam flores, essa é a máquina. Me distraio observando uma queimadura no braço que um acidente deixou. É bonito ver que o corpo ainda funciona, os cabelos crescem. Vou entrar em todos quando sair de mim e tudo vai ficar bem: milhões de pessoas cortando o cabelo e a barba, de vez – mudança.

Ps. Que o seu rosto seja coberto de borboletas e livros de sabedoria. Que sua vida encontre a ausência total do cálculo. Para tormenta, cata-ventos! Sempre.

7 comentários:

Paixão, M. disse...

amém.

ô, manhã cinza de boas palavras... é tão bom quando você volta. bom do mesmo jeito do abraço que nos demos na bienal.

precisamos acender mais fósforos e nos encontrarmos mais, assim, no território bom do casual. mesmo que o encontro dure dois centímetros e meio de chama enegrecendo madeira amarela.

um beijo!

Anônimo disse...

massa!
muito foda, Flávio!

Uma rede semântica que cria um ambiente... um cena! Leva quem lê para essa sala, em Cachoeiro, na madrugada, no silêncio, na melancolia. Para a dor no braço que escapou, que se derramou como a lua.

E no texto fazem sentido todas essas coisas que não se ligariam tão bem se faladas umas após as outras...

mais uma vez genial.
abração

J. disse...

Oi Flávio
Quanto tempo, saudade! Tem vindo a São Paulo? Gosto do blog, meio em "manoelês". Apareça, viu? Beijos, Jacque

Nilo Neto disse...

Fantastico trabalho. Gabi poupe agua me falou de voce. keep on going

Caetano disse...

o único elemento da natureza que o homem não tem um contato natural é o fogo. Por isso, não só por isso, vamos queimar os fósforos, sim. Afinal, estar em contato com os elementos é estar em contato conosco.

muito bom!

Thalita Covre disse...

O final soou bonito.

As observações dentro das observações.

Fernanda Fassarella disse...

Eu adoro cata-ventos. Vou usar muitos pra curar essa tormenta bestinha que apareceu por esses dias.

E vou acender mais fósforos também. Você sempre tem uma solução. Que nem a vez dos lápis de cor na bolsa.

Beijo